Debatedores pedem ampliação do controle do doping esportivo
Com a proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, deputados e especialistas estão preocupados com as lacunas na legislação no que se refere ao doping desportivo. A Comissão de Turismo e Desporto promoveu na quarta-feira (28) seminário sobre o tema “Legislação desportiva e o doping – das escolas ao alto rendimento”, no qual foi defendida, como principal medida de prevenção, a criação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem — um compromisso assumido pelo Brasil na época da candidatura do Rio para os Jogos de 2016. Os debatedores ressaltaram que a lei brasileira trata com mais especificidade do esporte de alto rendimento e precisa ser ampliada para abordar novos temas, como o doping genético e a influência do doping nas escolas.
André Abrahão
Mesa de abertura do Seminário de Legislação Esportiva e Doping: Jonas Donizette, presidente da CTD, no centro.
O secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, informou que a proposta sobre a autoridade de controle de dopagem será enviada ao Congresso Nacional em um mês: “Ela será um organismo importante, filiado ao sistema internacional com o objetivo de, pela primeira vez, controlar o problema não só nas competições, mas nas academias e nas escolas”, pontuou.
O presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, deputado Jonas Donizette (PSB-SP), lembra que a descoberta de doping em um atleta de alto rendimento gera um impacto sem dimensões em milhares de esportistas de base em todo País. “O doping está muito associado ao uso de droga. E isso não destrói só a carreira do atleta, afeta inúmeros jovens que tinham aquela atleta como ídolo”, afirma. Para Donizette, a visão de que o controle de doping é uma questão de saúde para a população está correta.
O deputado André Figueiredo (PDT-CE) disse concordar com a necessidade de ampliar o controle do doping: “A nossa legislação ainda é muito tímida e voltada mais ao esporte de alto rendimento. Devemos ampliá-la para o esporte escolar, passando pelas academias, para podermos ter medidas que realmente coíbam todo tipo de dopagem, e para podermos nos enquadrar no que determina o Comitê Olímpico Internacional.”
Legado
Na opinião de Figueiredo, o maior legado dessas competições no Brasil deve ser deixado nas pessoas, e não na infraestrutura. “Lógico que nos importamos com a infraestrutura aeroportuária, com a mobilidade urbana, com os estádios, mas precisamos nos preocupar mais com as pessoas”, ressaltou.
Segundo o deputado, a atividade física deve ser focada nas crianças e nos jovens, para que eles possam participar do esporte e evitar a criminalidade, a ociosidade e a violência. “O desporto escolar é o início de tudo em várias modalidades e as olimpíadas escolares têm revelado grandes atletas. Precisamos inibir todos os tipos de substâncias não permitidas, que deturpam totalmente o esporte e afetam a saúde e comprometem as vidas dos jovens”, concluiu.
O presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef), Jorge Steinhilber, alertou para a urgência da medida: “O Brasil, com o tsunami do esporte nas nossas portas, precisa fazer um trabalho para que os nossos atletas participem da Copa e das Olimpíadas sem que haja qualquer fraude por doping.”